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O que é alta libido? O que a causa e o que fazer

Embora a libido baixa cause preocupação na maioria das pessoas, outras se perguntam por que sua libido é sempre tão alta.

No geral, a libido é um sentimento individual de desejo sexual, popularmente conhecida como “tesão”.

Quando seu desejo, a alta libido, começa a interferir na sua capacidade de se concentrar nas atividades diárias, é importante tomar alguns cuidados. Veja a seguir algumas causas potenciais da alta libido e como controlar essa energia sexual.

Fatores que podem afetar a libido, também conhecida como ‘tesão’

1. Hormônios

Ao pensar em hormônios e desejo sexual, geralmente, a testosterona vem à mente. De fato, a testosterona está ligada ao funcionamento sexual e ao desejo entre os gêneros, e quando sua testosterona está alta, sua libido também pode ser maior.

Muitos fatores ligados ao estilo de vida e processos corporais estão associados ao aumento da testosterona. Como, por exemplo, exercícios regulares, ovulação, puberdade, entre outros.

Quando falamos sobre a relação entre testosterona e libido, o médico naturopata e sexólogo Jordin Wiggins, diz que esta relação é quase imperceptível. Pois, tanto o estrogênio quanto a progesterona afetam a libido.

Dito isto, “o estrogênio está mais claramente ligado à excitação fisiológica (fluxo de sangue para os genitais, lubrificação vaginal)”, diz o terapeuta sexual e de relacionamento certificado Indigo Stray Conger.

Além disso, Wiggins diz que também é importante observar os hormônios que contribuem para o prazer, a conexão e a excitação, como a dopamina e a oxitocina.

Afinal, esses hormônios tendem a “explodir” quando estamos no auge do romance, e é por isso que a libido, às vezes, pode parecer mais alta no início de um novo relacionamento.

2. Dieta

Acredita-se que certos alimentos, às vezes rotulados como afrodisíacos, aumentam a libido de algumas pessoas.

De acordo com a obstetra osteopática Anna Cabeca, tanto o chocolate quanto o queijo contêm uma substância chamada feniletilamina (PEA).

Sendo que esta substância é uma “anfetamina natural fabricada pelo cérebro em resposta ao sentimento de amor”, diz ela. “E acredita-se que a PEA seja responsável por essa disparada de hormônios durante o sexo.”

A pesquisa ainda é inconclusiva sobre a eficácia dos afrodisíacos para aumentar a libido. Mas, alguns afrodisíacos comuns, como ostras, abacates e gorduras ômega-3, contêm vitaminas e minerais que fortalecem a saúde de forma geral, incluindo a saúde hormonal e, portanto, a saúde sexual.

3. Álcool

Em geral, muitas pessoas acham que o álcool as deixam mais excitadas. Porém, a relação entre álcool e desejo sexual é um pouco complicada.

Uma revisão de 1995 publicada na revista Recent Developments in Alcoholism diz: “O consumo de álcool aumenta o desejo sexual subjetivo, a excitação e o prazer para muitas mulheres, embora diminua a excitação fisiológica”.

Talvez isso ocorra porque o álcool aumenta a testosterona em pessoas com vaginas. No entanto, ele diminui a capacidade de resposta genital, dificultando o orgasmo.

Deixando de lado os efeitos fisiológicos, as inibições reduzidas, às vezes, pelo álcool, também podem tornar as pessoas mais abertas ao sexo do que normalmente seriam quando sóbrias.

4. Masturbação frequente

Masturbar-se com frequência pode aumentar direta e indiretamente a libido. “Quando ignoramos o impulso do nosso corpo e os sinais de excitação por muito tempo por distração, estresse ou falta de um parceiro, esses sinais começam a ficar adormecidos”, explica Stray Conger.

Pelo contrário, quanto mais alguém se envolve em atividade sexual de qualquer tipo, incluindo masturbação, mais fácil é ficar fisiologicamente excitado.

Sobre masturbação Wiggins acrescenta: “Também pode aumentar a liberação de hormônios, como dopamina e testosterona”. E embora a masturbação geralmente seja um esporte solo, também pode ajudar a aumentar o prazer com um parceiro.

Pois, “indivíduos que se masturbam geralmente sabem do que gostam e como comunicar isso ao parceiro, portanto, eles relatam maior satisfação nos relacionamentos, melhor intimidade e comunicação sexual”, diz Wiggins.

5. Ciclo menstrual

Se você já se sentiu excitada antes ou durante a menstruação, saiba que você não está sozinha. Já que as flutuações hormonais que ocorrem ao longo do ciclo menstrual podem aumentar e diminuir a libido.

A endocrinologista reprodutiva Sheeva Talebian, explica que tanto a testosterona quanto o estrogênio atingem o pico durante a ovulação (cerca de 14 dias antes do período), e a ação         de ambos os hormônios tende a aumentar o desejo sexual.

Durante o período, a ginecologista, obstetra e especialista em saúde da mulher integrativa Suzanne Gilberg-Lenz, diz que há um aumento no fluxo sanguíneo para as regiões pélvica e genital.

Desse modo, semelhante ao aumento do fluxo sanguíneo para o pênis durante uma ereção, o fluxo sanguíneo para a vagina pode aumentar o desejo. (E sim, geralmente é seguro fazer sexo durante o período).

6. Gravidez

Existem alguns fatores que podem aumentar a excitação sexual durante a gravidez. “Todo esse estrogênio no corpo das mulheres pode melhorar o desejo sexual”, diz a médica de medicina funcional, ginecologista e obstetra Wendie Trubow.

“Além disso, há muito mais fluxo sanguíneo indo para as áreas genitais, o que aumenta e melhora a sensação de prazer”. Segundo ela, todos esses sentimentos são “totalmente normais e bons”!

A menos que seu médico ou ginecologista desaconselhe praticar sexo e orgasmos durante a gravidez, é perfeitamente seguro se envolver. Caso o sexo se torne desconfortável durante a gravidez, talvez seja necessário tentar uma posição diferente.

Para casais heterossexuais, Trubow recomenda que a mulher deite de lado com o parceiro masculino atrás dela. Para duas parceiras, a grávida, provavelmente, ainda ficará mais confortável de lado, diz Trubow, mas sua parceira não precisa ficar atrás.

7. Bexiga cheia

Para quem tem vagina, uma bexiga cheia pode fazer você se sentir excitada. Como o clitóris, a vagina e a uretra estão próximos um do outro, uma bexiga cheia pode pressionar os genitais e estimular a excitação.

Saiba que a aproximação dessas partes do corpo, infelizmente, também aumenta o risco de desenvolver ITUs (infecções do trato urinário) a partir do sexo.

8. Estações

Alguns estudos apontam que há uma queda de testosterona masculina (e, portanto, na libido) no verão e um pico subsequente no outono. Assim, estabelecendo uma conexão entre o desejo sexual e as mudanças sazonais.

Além disso, mudanças de humor desencadeadas por mudanças sazonais também podem afetar o desejo sexual. “Se você é alguém que sofre de depressão sazonal, também pode notar uma queda na libido durante esses períodos”, diz Wiggins.

“Mulheres com baixo desejo sexual são muito mais propensas a apresentar sintomas de depressão do que mulheres que não têm baixo desejo sexual, destacando como a saúde mental e a libido estão intimamente ligadas”, diz ela.

Embora a maioria das pessoas associe o transtorno afetivo sazonal ao inverno, os sintomas também podem ocorrer no verão. De acordo com a psiquiatra Roxanna Namavar, o transtorno afetivo sazonal é uma resposta à mudança drástica no clima e na luz solar, que ocorre tanto no final do outono quanto no final da primavera.

9. Fatores situacionais

Existem muitos fatores situacionais que podem fazer com que alguém sinta tesão. “É realmente importante entender que o desejo feminino na maioria dos casos geralmente não é espontâneo”, diz a treinadora sexual certificada Gigi Engle. “O desejo sexual é um evento biopsicossocial. Ou seja, para que o desejo ocorra, precisamos ter o número certo de fatores em jogo”.

Desse modo, alguns fatores comuns que podem excitar alguém no momento são novos relacionamentos, situações carregadas de erotismo ou pessoas que você acha atraentes:

  • Novos relacionamentos: A “fase de lua de mel” descreve bem o início de um relacionamento, fase em que dois parceiros não conseguem manter as mãos longes um do outro. Durante essa parte do relacionamento, Engle diz que os cérebros dos casais tendem a ser inundados por hormônios do bem-estar, como oxitocina e dopamina. “É por isso que nos sentimos sexualmente excitados o tempo todo em novos relacionamentos”, explica ela. Então, “nós não precisamos muito dos outros fatores situacionais, pois já estamos empolgados o suficiente com a ‘nova energia do relacionamento’”.
  • Situações de carga erótica: de acordo com Engle, qualquer tipo de situação de carga sexual, como sexting, conversa sobre sexo ou assistir a materiais eróticos, pode desencadear sentimentos de desejo e excitação no cérebro. Desse modo, “isso influencia os aspectos psicossociais do desejo”, diz ela.
  • Estar perto de pessoas que você acha atraentes: naturalmente, quando você está perto de alguém que você acha atraente, pode se sentir excitado. Especialmente se vocês flertam um com o outro. Sendo assim, “estar perto de pessoas que você considera sensuais acaba criando seu próprio clima micro erótico”, diz Engle. “Você vai acabar ficando com mais tesão, pois essas pessoas ativam o seu desejo”.

Existe a possibilidade de alguém se sentir muito excitado?

Não há nada de errado em sentir tesão com frequência. De fato, o desejo sexual e uma vida sexual saudável ​​são fatores importantes para a saúde de forma geral e para a qualidade de vida.

“A sexualidade é algo normal e saudável, e fazer sexo independentemente da quantidade contribui positivamente para a saúde mental e física”, diz Stray Conger.

É comum que algumas pessoas sintam mais desejo sexual que outras, sendo que só é um problema se causar distração ou perturbação para o indivíduo em particular.

“Sentir muito tesão só é algo ruim quando se torna um problema para você e causa dificuldades em sua vida”, diz a sexóloga clínica e terapeuta sexual Cyndi Darnell.

Caso seja essa a sua preocupação, saiba que alguns dos métodos abaixo para liberar energia sexual podem te ajudar. Assim como, conversar com um profissional de sexualidade de confiança.

E a hipersexualidade?

A hipersexualidade foi definida em pesquisas como a “incapacidade de controlar o próprio comportamento sexual, e que causa grande sofrimento para o indivíduo”. Mas, o conceito é motivo de debate entre os especialistas.

Pois, nem todos os especialistas concordam que se trata de uma condição real, e ela não é reconhecida no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Além disso, Conselheiros e Terapeutas de Sexualidade afirmam que não há evidências empíricas suficientes para apoiar a existência do “vício em sexo”.

No entanto, se suas experiências em torno da sexualidade e do desejo parecerem angustiantes ou fora de controle, vale a pena procurar um terapeuta sexual ou outro profissional da sexualidade para obter ajuda.

“Entende-se que o comportamento sexual fora de controle, como referido por profissionais qualificados, merece atenção, mas não se trata de uma doença”, diz Darnell. “Trata-se de uma relação que precisa ser equilibrada entre sexualidade, prazer, valores e emoções”.

Como lidar com a alta libido

Faça sexo regularmente.

Se você está com tesão e tem um parceiro que consente com você, faça sexo. Afinal, a intimidade frequente não apenas aumenta a satisfação geral em um relacionamento, mas o sexo também traz benefícios à saúde, como diminui o estresse e aumenta o funcionamento cognitivo, de acordo com a terapeuta sexual Sara Sloan. Por este motivo, ela recomenda fazer sexo a cada 48 horas.

Masturbar-se.

Uma das maneiras mais fáceis de liberar sua energia sexual é por meio da masturbação. “Técnicas somáticas e masturbação consciente são ótimas maneiras de energizar o corpo e liberar a energia erótica armazenada”, diz Darnell. “As práticas tântricas também podem ser úteis, pois permite mover a energia sexual pelo corpo para ser usada de outras formas”.

Encontre outros caminhos sexuais.

Sexo virtual e sexo por telefone são maneiras criativas de liberar sua energia sexual sem realmente se envolver no ato físico, se assim desejar. Assistir pornografia, seja com um parceiro ou sozinho, também pode ajudar.

Exercício.

Embora a atividade física seja definitivamente um método diferente dos anteriores, saiba que o exercício também pode ajudar a diminuir o estresse e liberar os hormônios do bem-estar. Nesse sentido, praticar exercícios pode liberar algum tipo de tensão sexual que está acumulada no corpo.

Pratique a atenção plena.

As meditações de atenção plena visam ajudar as pessoas a se conectarem com a respiração, bem como a se concentrarem no momento presente.

Essa técnica tem sido frequentemente usada para ajudar a tratar o vício e, nesse mesmo sentido, pode ajudar com comportamentos sexuais compulsivos se eles começarem a interferir em sua vida diária.

Observação: algumas pessoas usam a meditação para obter os efeitos da masturbação, sem fazê-la.

Saiba quando procurar ajuda.

Caso a alta libido comece a interferir no seu trabalho, nos relacionamentos ou em outras áreas da sua vida, ou se parecer muito angustiante para você, procure um profissional de sexualidade de confiança, como um terapeuta sexual.

Também é importante procurar ajuda se você estiver se envolvendo em comportamentos sexuais de risco que possam prejudicar sua saúde, acrescenta Stray Conger.

Vale ressaltar que um dos maiores problemas para as pessoas que sentem tesão com frequência é a vergonha. De acordo com Megwyn White, sexóloga clínica certificada e diretora de educação da Satisfyer, essa vergonha geralmente está relacionada a enigmas sobre sexualidade e masturbação.

Então, tenha em mente que um profissional de sexualidade também pode ajudá-lo a lidar com esses sentimentos negativos, assim você poderá se sentir em paz consigo mesmo.

Conclusão

Como você pode observar, existem muitos fatores cotidianos que podem fazer você se sentir mais excitado do que o normal. Sendo que alguns deles podem ser controlados, como o que comemos e com que frequência nos masturbamos. Outros, como nossas flutuações hormonais ou a mudança das estações, são inevitáveis.

“É importante reconhecer que é totalmente normal sentir tesão”, diz White, observando que sentir tesão é apenas o seu corpo enviando uma mensagem para você sobre o que ele quer e o que é bom. Então, a menos que sua alta libido esteja interferindo em sua vida diária, não há nada de errado com estes impulsos sexuais.

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